Uma história interessante
Influenciado por seu fascínio que tinha desde criança por coisas ocidentais e pelo espírito aventureiro, quando descobriu que no Brasil havia muitos japoneses, resolveu escolher este país para desembarque em 1959 e aqui realizar os seus sonhos. Aproveitou a oportunidade que uma associação de seu país de origem dava a seus compatriotas para trabalhar na agricultura brasileira. Para isso teve que trabalhar por um período de três meses no Japão por essa associação para ter o direito de emigrar para o Brasil. Após adquirir esse direito, foi contratado para trabalhar no interior de São Paulo onde ficou por um bom período.
Sempre procurando novas oportunidades, decidiu ir para a capital e, enquanto hospedado em uma pensão no bairro Liberdade, trabalhou como feirante e também em uma fábrica de estojos. Aproveitou esta fase para ter aulas particulares de português.
Quando percebeu que já tinha um certo domínio do novo idioma e maior capacidade no trabalho, parou de trabalhar como empregado e foi para o oeste de Minas Gerais com um amigo brasileiro, com quem arrendou um terreno e começaram a trabalhar por contra própria. Tudo ia muito bem quando aconteceu a primeira geada dando total prejuízo aos dois amigos que não tiveram outra escolha a não ser desfazer a sociedade e partir, cada um, para novos desafios.
Belo Horizonte foi o próximo destino deste japonês que não parava de lutar por seus ideais. Estudou legislação de trânsito e tirou a sua carteira de motorista. Voltou a trabalhar como empregado na agricultura, mas desta vez como motorista de caminhão, fazendo a distribuição dos produtos.
Depois de um certo tempo mudou de ramo e passou a vender livros evangélicos por sessenta cidades mineiras. E durante uma dessas viagens, na cidade de Barbacena, resolveu visitar uma exposição de quadros pintados a óleo que lhe chamaram a atenção e lhe deram novas idéias para ganhar dinheiro. Fascinado com todas aquelas artes, achou que também seria capaz de fazer o mesmo. Durante esta exposição havia uma professora de artes, Maria Leite Coutinho, que ao observar a curiosidade daquele jovem lhe perguntou se ele seria capaz de pintar uma paisagem. Sem hesitar, Hiroshi disse que sim e encarou aquele desafio como um verdadeiro japonês. Comprou todo o material necessário e começou a fazer o quadro. Trabalho realizado, então era hora de mostrar o resultado para a artista Maria Leite, que ao ver a pintura só teve elogios de admiração. E como incentivo, comprou-lhe o quadro. E então? Fazer o seu primeiro trabalho de óleo sobre tela, ser elogiado por uma professora de artes e ainda ter esse quadro comprado por esta artista ... não poderia ser melhor!
Entusiasmado, saiu para as praças das cidades históricas e passou a pintar as igrejas ali mesmo, sendo observado e admirado pelas pessoas que por lá passavam e compravam os seus quadros. Um desses transeuntes era um fazendeiro que lhe solicitou a pintura do casarão de sua fazenda. Foi então sendo cada vez mais reconhecido por seus trabalhos e resolveu partir para a capital mineira, onde além das pinturas a óleo, também passou a fazer desenhos a crayon. Desenhava as pessoas ao vivo, mas, com o passar do tempo, resolveu utilizar fotografias para a realização dos trabalhos.
Depois de tanto tempo no Brasil, hoje casado e com três filhos, resolveu em 2007 fazer uma visita aos seus parentes no Japão para matar a saudade. De volta ao Brasil, continua prestigiado pelos seus trabalhos , que são solicitados e admirados pela sociedade brasileira e até de outros países.
